domingo, 18 de abril de 2010

Nietzsche e a idade pós-metafísica



O fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna, de Vattimo, (introdução), A Gaia Ciência, de Nietzsche, (aforismo 125), e O Crepúsculo dos Ídolos, do mesmo autor, (na parte: como o verdadeiro mundo acabou por se tornar fábula), foram textos lidos para a produção da presente resenha. A partir de tal leitura pretendo demonstrar como Nietzsche de distancia da modernidade e se aproxima da idade pós-metafísica.
Nietzsche é uma das principais referências quando se discute o fim da modernidade, esta se caracteriza pela fundamentação última que se origina pelo pensamento e por meio deste se tem acesso a ela, e também pela constante superação, em um movimento progressivo. De forma mais ampla Vattimo apresenta a modernidade:
(…) a modernidade pode caracterizar-se, de fato, por ser dominada pela idéia da história do pensamento como uma “iluminação” progressiva, que se desenvolve com base na apropriação e na reapropriação cada vez mais plena dos “fundamentos”, que freqüentemente são pensados também como as “origens”, de modo que as revoluções teóricas e práticas da história ocidental se apresentam e se legitimam na maioria das vezes como “recuperações”, renascimentos, retornos. A noção de “superação” que tanta importância tem em toda filosofia moderna, concebe o curso do pensamento como um desenvolvimento progressivo, em que o novo se identifica com o valor através da mediação da recuperação e da apropriação do fundamento-origem. (1996, P. 6)
Nietzsche se distancia dessa lógica moderna de fundamentação, pois para ele esse mundo, mundo verdadeiro, posto pela tradição metafísica não é mais útil para nada é “uma idéia que se tornou supérflua, prescindível; por conseguinte, uma idéia refutada: toca a eliminá-la!” NIETZSCHE (p. 36).
Da mesma forma que ele afirma que o verdadeiro mundo se tornou fábula, ele anuncia a morte de Deus, que representa o rompimento com a lógica moderna de fundamentação, sendo assim propõem que nós mesmos nos tornemos deuses, ou seja, que se considere as condições ou situações particulares, que acontece no historicizar-se. Este pensamento caracteriza a filosofia pós-moderna, nas palavras de Vattimo: “(...) um dos conteúdos característicos da filosofia, de grande parte da filosofia do século XIX e XX, que representa a nossa herança mais próxima, é precisamente a negação de estruturas estáveis do ser, a que o pensamento deveria recorrer para “fundar-se” em certezas não precárias.” (1996, P. 7)
O filósofo alemão rompe com a modernidade quando critica a necessidade de uma fundamentação última que explique toda a totalidade, no entanto recusa-se a propor sua superação crítica, pois isso significaria continuar prisioneiro da lógica de desenvolvimento da modernidade.

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