sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O PRÍNCIPE



MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, Coleção Mestres Pensadores. São Paulo: Escala, 1996.
A obra é dividida em XXVI capítulos onde Maquiavel explica de quantas espécies são os principados (hereditário, misto, civil, eclesiástico); como se deve medir as forças de todos os principados; dos gêneros de milícia (próprias, mercenárias e auxiliares); dos deveres dos príncipes (se é melhor ser amado ou temido) e o que deve fazer para ser estimado; nos capítulos finais ele expõem seu nacionalismo, como no capítulo XXIV Por que os príncipes da Itália perdem seus Estados, e o capítulo final, Exortação ao príncipe para livrar a Itália das mãos dos bárbaros.
Maquiavel inicia oferecendo a obra para Lorenzo de Médici II, o mais jovem, de forma a estimulá-lo a realizar a empreitada de unificar a Itália e defendê-la contra os estrangeiros. Nas primeiras partes ele esclarece sobre quantas espécies são os principados, cita exemplos: os hereditários, (pelo sangue), onde há pouca dificuldade para mantê-lo, Maquiavel aconselha que se deve apenas seguir o que o antecessor fazia e adequar-se apenas as particularidades de sua época; principados novos (adquiridos com tropas ) é onde a dificuldade consiste pois pode haver disparidade de costumes, para manter-se no poder Maquiavel aconselha que o príncipe faça extinguir o sangue dos antigos príncipes e que não altere as leis e nem os impostos. “O desejo de conquistar é coisa verdadeiramente natural e ordinária e os homens que podem fazê-lo seram sempre louvados e não censurados. Mas se não podem e querem fazê-lo, de qualquer modo, é que estão em erro, e são merecedores de censura”. MAQUIAVEL (1996 p. 32); Dos que conseguiram o principado pelo crime, o autor explica que o príncipe terá sempre necessidade de estar com a faca nas mãos e nunca poderá acreditar em seus súditos, pois eles também não lho acreditam; principado civil, quando se chega ao poder pelo favor do povo ou pelo favor dos poderosos; os principados eclesiásticos, esses são seguros e felizes, sustentados pela rotina da religião, eles vivem e procedem como bem entendem. Maquiavel também discute em sua obra sobre os tipos de milícias, que podem ser próprias, quando é formada por súditos fieis; mercenárias e auxiliares que são inúteis e perigosas, não são unidas ao príncipe, são ambiciosas, o autor põem nelas a culpa ra ruína da Itália, afirma Maquiavel (1996 p.66) ”Aquele que, num principado, não conhece os males na sua origem não é verdadeiramente sábio”. Também há dedicado na obra uma parte que fala como o príncipe deve se comportar, deve ter como prática a guerra, deve gastar pouco para não ter que roubar os súditos para não se empobrecer, cobrando assim altos impostos e tornando-se odiado e desprazível, entre ser amado e temido deve escolher os dois, mas se tiver que falhar entre elas deve escolher ser temido, mas nunca odiado, é necessário que o príncipe empregue convenientemente o animal (força) e o homem (lei). “Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”. MAQUIAVEL (1996 p. 69). Na parte final de O Príncipe o autor evidencia o seu nacionalismo, ele explica por que os príncipes italianos perdem seus Estados, por culpa da própria ignorância deles, por não imaginarem nas boas épocas que os tempos poderiam mudar, e quando houve essas mudanças negativas eles só pensaram em fugir e não em se defenderem. Maquiavel afirma que só se conhece o valor de um príncipe quando seu povo necessita dele, então querendo conhecer o valor de um príncipe italiano, seria necessário que a Itália chegasse ao ponto que estava naquela época.
Quando se analisa a obra O Príncipe fora de seu contexto ela é mal interpretada, pois a obra relaciona-se diretamente com o tempo em que foi produzida, Maquiavel a partir de sua experiências e observações sobre o Estado constrói sua obra. Ele escreve sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Observando o funcionamento dos Estados ao longo da história ou até mesmo o que lhe rodeava, ele apenas descreve-os e não inventou essas histórias políticas. Há escritores que dizem que em O Príncipe, Maquiavel tenta alertar o povo sobre os perigos da tirania, há também quem diga que O Príncipe é uma sátira dos costumes dos governantes, já que Maquiavel tinha preferência pela república como forma de governo. Ele acha inútil imaginar Estados utópicos já que não são postos em prática e prefere pensar no real.
O italiano Nicolau Maquiavel nasceu em Florença no dia 3 de maio de 1469, foi historiador, poeta, diplomata e músico, é reconhecido como o fundador do pensamento e da ciência da política moderna pelo simples fato de descrever sobre o Estado e o governo como realmente são. Viveu na sua juventude o desenvolvimento da política de Florença durante o governo de Lorenzo de Médici e entrou para política com 29 anos de idade, trabalhando nesse meio Maquiavel pôde observar o comportamento de grandes nomes da época e daí pode inseri-los na obra. Durante o Renascimento a península itálica estava dividida em cinco potências, sendo que a maior parte delas era ilegítima, tomada por mercenários, esses Estados lutavam entre si e ficavam cada vez mais fracos e propícios aos ataques estrangeiros. A família de Maquiavel era toscana, Antiga e empobrecida. Comparada com a de outros humanistas sua educação foi fraca por falta de recursos da família. Em 7 de novembro de 1512 Maquiavel foi demitido acusado de ser um dos responsáveis por uma política anti-Médici, foi multado e proibido de sair da Toscana durante um ano, também foi preso e torturado, por terem suspeitado que ele fazia parte de um movimento republicano. Depois da morte de Júlio II todos os suspeitos de conspiração foram anistiados e com eles Maquiavel, depois de passar 22 dias na prisão, liberto ele se autobaniu e nesse período, que durou até sua morte, ele escreveu suas obras. Em 21 de junho de 1527 em Florença ele ficou doente, sentindo dores intestinais e morreu obscuramente.
Suas obras são:
O Príncipe (1513), Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1512-1517), Asino d'oro (1517), A Mandrágora (1518), Novella di Belfagor (romance, 1515), Dialogo intorno alla nostra lingua (1514), Andria (1517), Discorso sopra il riformare lo stato di Firenze (1520), Sommario delle cose della citta di Lucca (1520), Discorso delle cose florentine dopo la morte di Lorenzo (1520), Clizia, comédia em prosa (1525), Frammenti storici (1525) e outros poemas como Sonetti, Canzoni, Ottave, e Canti carnascialeschi.

Um comentário:

  1. Olá Maranna. Gostei muito dos textos do blog...Você que os escreve?
    Jardel Negreiros

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